Sentado
na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a
cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você.
Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais frequente, e me
deixava irritado - agora não - descobri um jeito engraçado de, mesmo
assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro,
olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do
corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés delas aqueles que poderiam ser os seus.
.”— Caio Fernando de Abreu
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